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Entrevista Exclusiva com o escritor Moa Sipriano


Moa Sipriano, escritor, autor de diversos livros de "literatura gay", tem 40 anos, nasceu em Jundiaí (SP) no dia 13 de junho. Como ele mesmo se define, é um homem simples, calmo, introspectivo, verdadeiro e objetivo. Um homem à frente do seu tempo. Confira a entrevista exclusiva de Moa Sipriano para o Noticia G!

Noticia G: Você tem algum sonho? Qual?
Moa Sipriano: Sempre fui um cara muito simples, tanto no jeito de ser, quanto nas atitudes, na vida em si. Sou um cara que conhece o Luxo e conhece o Lixo. Sou um homem com um poder de adaptação altíssimo: me viro sempre o melhor que posso em qualquer situação. Eu não cultivo mais sonhos, apenas traço objetivos concretos. E meu objetivo maior nessa existência é ser um dos melhores artistas-militantes gays que o Brasil já teve. Ainda não sei se um dia serei reconhecido apenas pela minha literatura, por exemplo, mas sei que vou deixar minha marca e que minha obra será lembrada como referência por muito e muito tempo.

Noticia G: Seus textos são escritos de forma bem clara, sem muitos resquícios de tradicionalismo gramatical, é uma regra na sua escrita?
Moa Sipriano: Nunca me vi como um literato-chato obsessivo com a perfeição da gramática possivelmente embutida em minhas frases de impacto. Nem tenho pretensão alguma de um dia atingir a perfeição literária como manda o figurino. Não sigo regras. Eu quebro tudo o que aparece muito certinho em meus textos. Acredito que há fragmentos de genialidade em algumas passagens de alguns dos meus contos, como também há incríveis momentos clicherianos os quais são tremendamente difíceis de se esquivar. Mas, fazer o que, a vida é uma sucessão de clichês, tal como essa frase que acabei de postar (risos).
Eu adoro o jeito que costuro minhas histórias. Adoro escrever palavras erradas e esdrúxulas de propósito, pois me divirto com a sua sonoridade. Minha arte escrita é e sempre será HOMOpop, de consumo imediato, voltada para a diversão do momento, mas que no fundo possa também proporcionar alguns instantes de reflexão.

Noticia G: Existe algum texto de sua autoria que você teve como inspiração o ato de seu pai estar ausente?
Moa Sipriano: Não posso negar que há traços da ausência do meu pai bem marcados em alguns contos: meus "mocinhos" são em sua maioria homens solitários onde a figura da mãe, da tia ou da irmã sempre se faz presente como alicerce da família (Uma carta para Hans, O Cunhado, Um homem chamado Augusto, Feliz Aniversário).
Há um romance - ainda inédito - onde traço uma linha muito tênue entre a ficção e o que representou para mim a total ausência paterna. Digamos que seja o meu "tapa na cara" pela não presença de um pai nos momentos mais importantes da minha existência. Esse romance, assim espero, um dia vai dar o que falar entre pais e filhos. Vamos ver se consigo exprimir tudo aquilo que carrego dentro de mim sobre essa questão.

Noticia G: O que é a Internet para você?
Moa Sipriano: É o meu enlace com o mundo. É a minha porta, a minha janela, a minha estrada, o fio que me liga às pessoas que gosto e também ao vasto universo de possibilidades no contato com uma fantástica diversidade humana que me inspira e me incentiva a dar o máximo de mim, cada vez mais. Minha arte é fruto direto da "geração plugada". Eu não seria o artista que sou e muito menos teria conquistado o espaço que já conquistei sem a ajuda da Internet. Na verdade, sem a Grande Rede eu não seria ninguém, ou pelo menos estaria fadado a viver uma vida totalmente isolado de tudo. Por mais estranho que isso possa parecer - já que muitos se escondem atrás das telas luminosas - eu sigo o caminho contrário: é pela Internet que consigo me expandir de uma tal forma que seria impossível de outra maneira, seja ela financeira ou física mesmo: de estar presente e atuante em diversos lugares ao mesmo tempo.

Noticia G: Você diz no seu perfil que as pessoas têm que fazer muito esforço para conseguir tirar você do sério. Que tipo de esforço?
Moa Sipriano: Eu sou um homem muito, muito calmo. Sou tremendamente compreensivo e um excelente "ouvido". No trato com as pessoas, tudo pra mim é um eterno déjà vu, já que a rotina de muitos é algo pelo qual eu já passei tantas vezes, já me quebrei tantas vezes, já aprendi com os erros tantas vezes, que acabei por tornar a prática da paciência algo corriqueiro e enraizado dentro de mim mesmo. Ser paciente me faz ser forte acima da média.
O que me tira do sério é a burrice alheia. Não suporto ficar ao lado de quem não evolui, não busca conhecimento, não faz nada para melhorar sua condição de vida, não progride seja no que for. Gente ignorante se educa com carinho e compreensão. Gente burra deve ser ignorada até que aprendam a se valorizar por si mesmos e dar o primeiro passo em busca de suas realizações pessoais.

O que me tira do sério é a hipocrisia em qualquer grau manifesto. Eu perco o controle quando alguém tenta me impor algo. Trocar conhecimento e expor pontos de vista é algo válido e sadio. Impor uma verdade sem base concreta é algo medonho e que... me tira do sério... mesmo! (risos)

Noticia G: Estamos sempre expostos a muita discriminação o tempo todo, você já sofreu algum tipo que seja relevante ressaltar?
Moa Sipriano: No que diz respeito à homossexualidade, eu nunca sofri nenhum tipo de preconceito pelo simples fato de nunca ter deixado isso acontecer. Ser o que escolhi ser na intimidade sempre foi um ato de orgulho para mim, mas não um ato de exposição sensacionalista. Se "dou" ou "como" ou gosto de branco, de preto, de verde é algo que não preciso cantar aos quatro ventos. Sou um homem que gosta de homem, mas que não deixou de ser homem em momento algum. É isso que deixo claro às pessoas, desde que me conheço por gente. E mostro a todos como me aceitar, gostar de mim e conviver comigo pelo homem que eu sou, pela minha personalidade, pela minha sinceridade, pelo meu caráter, pela minhas capacidades fraternal ou profissional, que seja, de acordo com a situação. Não permito que a minha vida social, familiar e espiritual interfira no que faço na cama ou quem escolho para amar. Eu me aceito sem julgamentos, eu aceito você sem julgamentos. Eu me dou o respeito, eu exijo respeito. Eu conheço o meu espaço e jamais invado o seu espaço sem sua permissão. Acho que é mais simples viver assim. Aliás, eu acho a vida muito simples de ser vivida.

Noticia G: O que mais te irrita na sociedade brasileira atual?
Moa Sipriano: O que me irrita na sociedade como um todo é o egoísmo, a burrice e a hipocrisia. Se você tentar ser você mesmo e não ser "mais um" igual a todo mundo, isso por si só já causa estranheza. Ser sincero e seguro demais incomoda, assusta quase que todo mundo. Na verdade, o que me irrita mesmo no convívio entre seres humanos é a total falta de diálogo direto, franco e verdadeiro. Se conversássemos e ouvíssemos mais entre nós, seríamos mais leves, mais abertos, mais cultos e felizes.

Noticia G: O que você acha das Paradas GLSBT no Brasil?
Moa Sipriano: Acredito que como encontro de amigos, de pessoas que tomam coragem de "sair do armário" ou de um desejo sincero de fazer valer a sua voz, é bacana. Mas, na verdade, a maioria gritante das paradas não passa de mais uma vitrine de corpos que buscam corpos para hora e meia de prazer numa quebrada qualquer no final da festa. Esse papo de que fazer parada dá mais "visibilidade" à causa GLSCheia-de-letrinhas-que-não-acabam-mais acho meio furado. Militar por uma causa e sair às ruas numa data especial como ato de manifestação é válido, claro. Mas o bambee que sai apenas atrás do trio-dance-trash-elétrico sem mais, nem porque, e fica caçando feito lôca ou expondo feito lôca a bunda de fora, achando que isso é "ser gay"... pra mim isso não vale absolutamente nada... é tudo festa... é tudo um vazio tremendo.

Noticia G: Ser um bear no Brasil é...
Moa Sipriano: Não me prendo a rótulos. Ser bear-barbie-bambee tanto faz (risos), o que vale é se sentir bem na tribo que você habita ou é aceito. O que vale é encontrar parceiros com a mesma afinidade, seja para a amizade, para o "ficar" ou para o amor. Mas confesso que acho legal essa "divisão" ursina. Não sei bem onde me encaixo corporalmente, mas até que acho que sou um urso bem interessante! (risos duplos)

CNoticia G: oluna Diversidade: Quem é Moa Sipriano?
Moa Sipriano: Moa Sipriano não é ninguém que ostenta títulos ou posições sem fundamento. Moa Sipriano é um homem humilde que apenas se esforçou muito para se manter o homem que é hoje: simples, ponderado, inteligente, culto, sincero ao extremo, bom amigo, bom companheiro. Moa Sipriano não é perfeito - longe disso! -, mas é apenas um alguém que superou há muito tempo a barreira da mediocridade e, nesse sentido, é um homem moldado por uma existência sem privilégios, mas vivida com criatividade e muita força de vontade. Moa Sipriano não é fútil. Moa Sipriano, diferente de muitos - principalmente no "universo volátil gay" - é AUTÊNTICO!

Noticia G: Você é um homem apaixonado?
Moa Sipriano: Sim. Sou um homem apaixonado em todos os sentidos. Na verdade, eu me considero o "último romântico". Sou o cara meigo e delicado que adora um mimo e ao mesmo tempo sou aquele cara rústico que tem a pegada certa, na dose exata, no momento adequado. Sou um homem que sabe proclamar palavras de amor, que sabe proporcionar o real carinho como nenhum outro. Sem um pingo de modéstia, quando eu amo, sou um homem perfeito... em todos, todos, todos os sentidos! Sozinho ou acompanhado, estar apaixonado é o que movimenta a minha verve criativa. Eu não produzo nada sem amor.

Noticia G: Você acredita que a polêmica é a sua melhor arma para o seu empreendimento?
Moa Sipriano: O que para muitos é considerado "polêmica", para mim é apenas um ato de coragem em expor aquilo que vivo, aquilo que penso, aquilo que considero uma verdade alicerçada em fatos. Eu me dou a liberdade de usar a minha arte apenas para abrir caminhos. Se aqueles que apreciam minha obra encontram nela passagens que possam iluminar suas existências, é isso que para mim é válido. Eu, Moa, como pessoa, não sou ninguém. E nem dou bola para mim-eu-mesmo. Mas não meço esforços para chamar atenção às causas que considero importantes. Se para isso eu tiver que malhar, ficar gostosão, tirar a roupa, mostrar o cacetão, fazer caras-e-bocas em fotos, em filmes ou na pele dos meus personagens... eu o farei, sem nenhum problema. Se para "ser alguém" eu tenho que usar da polêmica e enfrentar a caretice alheia e fazer a festa dos meus fãs... pode ter trocentos por cento de certeza de que ainda vou dar muito o que falar!

Noticia G: Como as pessoas podem ajudar a manter sua literatura?
Moa Sipriano: Novembro de 2008. Essa foi a data em que tomei uma decisão terrivelmente difícil de me isolar de tudo apenas para me dedicar ao trabalho literário. Assumi esse compromisso para mim mesmo, acreditando que um dia meus leitores possam reconhecer minha arte como um bom produto de consumo; um produto de qualidade que certamente tem o seu preço. Hoje me mantenho apenas com apoio da minha família e de poucos amigos que sempre apostaram no meu talento. Minhas obras permanecem gratuitas e livres para quem quiser baixá-las através do meu site oficial. E após a leitura dos meus livros, fica a critério de cada leitor que quiser me ajudar expontaneamente, contribuir com qualquer quantia que ele ache justo em minha conta (meus dados estão sempre nas últimas páginas de cada obra), pois é com esse "pingado" que sustento a manutenção e hospedagem do meu site e minha conexão à Internet, por exemplo.

Noticia G: Quais seus planos futuros?
Moa Sipriano: Ter minha obra reconhecida por alguma empresa do ramo editorial ou encontrar um parceiro comercial que aposte na minha arte como um todo, para que meus futuros livros deixem o estado virtual para se transformarem em obras impressas. Além disso, quero adaptar muitos textos meus para o teatro, cinema e televisão. Afinal, minha obra é toda visual!
Eu tenho as ferramentas necessárias para que isso aconteça, já que o nosso mercado se encontra mais do que aquecido, pronto para aceitar produtos culturais e de entretenimento de alta qualidade. Só me falta realmente um agente, um "parceiro administrativo", que tenha um mínimo de capital e boa formação empresarial para me auxiliar na entrada definitiva no mercado brasileiro e, porque não, mundial! Eu não vejo a hora de abandonar de vez minha pecha de "escritor cult" (risos).

Perfil

Noticia G: Local...
Moa Sipriano: Qualquer lugar do Rio Grande do Sul, o melhor lugar do mundo!

Noticia G: Ídolos...
Moa Sipriano: Jonathan Larson, Cláudio Pastro, Jean Genet

Noticia G: Cheiro...
Moa Sipriano: da Alfazema e do homem

Noticia G: Bebida...
Moa Sipriano: cerveja, chimarrão

Noticia G: Musa...
Moa Sipriano: Sra. Solidão é minha musa inspiradora

Noticia G: Música...
Moa Sipriano: The Impossible Dream (Alphaville)

Noticia G: Filme...
Moa Sipriano: RENT!

Noticia G: Livro...
Moa Sipriano: Kitchen (Banana Yoshimotto)

Noticia G: Amor...
Moa Sipriano: cães... de grande porte!

Noticia G: Contato profissional...
Moa Sipriano: (* desculpe, eu não entendi essa pergunta)

Noticia G: Deixe seu recado para os leitores do Noticia G ...
Moa Sipriano: Ser feliz é fácil: basta ser você mesmo. Quer saber qual o segredo da Felicidade? É usar a todo instante do diálogo direto, sincero e sem rodeios. Ganha você, ganha quem estiver do teu lado. Ser autêntico atrai por afinidade pessoas que vibram na tua mesma sintonia. Simples assim!
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Sobre Unknown

O Noticia G é um blog de notícias LGBT sob o princípio da diversidade. Portanto, divulgamos tudo o que cremos ser relativo a todo SER HUMANO. O blog NOTICIA G não mantém qualquer vínculo empregatício com seus colaboradores/colunistas. Todos o fazem por livre e espontânea vontade. As opiniões expressas pelos colaboradores/colunistas não refletem necessariamente a opinião do blog. Se você detém direitos sobre qualquer assunto/mídia veiculado no blog, favor contatar para retirarmos (noticiag@hotmail.com)
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