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Ser gay não é profissão


No dia 29 de agosto, a cidade de Nova Iguaçu parou por causa da 7ª Parada LGBT (Lésbicas, gays, bissexuais e transexuais). Segundo estimativas compareceram mais de 150 mil pessoas, consolidando assim um importante avanço do movimento social LGBT na cidade e região que teve essa grandiosa vitória sem o apoio do executivo como acontecia em anos anteriores.
A parada Gay, como é popularmente conhecida, se tornou um evento que vai constar no calendário oficial da cidade, pois é o maior evento popular da cidade de Nova Iguaçu e tem apoio da população, haja vista a quantidade de pais que comparecem com seus filhos para prestigiarem o acontecimento.
Quanto à segurança, nunca tivemos reclamação das autoridades policiais sobre alguma irregularidade que precisasse ser registrada nas delegacias de policia. O que ocorre são pequenos transtornos como em qualquer grande evento, tais como: embriaguez ou pequenos desentendimentos. Com isso, podemos afirmar, categoricamente, que em Nova Iguaçu realizamos a Parada mais segura do Estado do Rio de Janeiro. Outro fator importante é o trabalho de informações sobre saúde e direitos humanos, que acontecem neste evento, adquirindo assim um caráter pedagógico tão importante, não somente para a comunidade homossexual, como também como para toda a população, pois quando se combate o preconceito, todo mundo sai ganhando. Infelizmente este evento já perdeu a sua identidade política e social em varias cidades do Brasil e do mundo, porque muita gente vai para esta atividade, não para prestigiar a luta contra a homofobia, mas para praticar atos obscenos, usar drogas, fazer “arrastão” dentre outros atos ilícitos. Tal realidade é comprovada pelas autoridades policiais em várias paradas do Estado do Rio de Janeiro.
As paradas acontecem desde 1989, quando cansados de sofrer violência policial um grupo de homossexuais de Nova Iorque decidiu enfrentar a repressão da polícia em um bar chamado Stonewal e a partir deste dia o mundo todos sai às ruas para denunciar a homofobia e a discriminação aos homossexuais. Como este evento virou um meio de muita gente ganhar dinheiro e até ficar rica, o calendário das paradas dura o ano inteiro no Brasil.
Muita gente chama o dia 28 de junho dia do orgulho gay, embora eu não concorde com esta afirmação, pois ninguém é melhor ou pior devido a sua orientação sexual. O mais importante numa pessoa não é a sua orientação, mas o seu caráter, o trabalho social que esta pessoa está fazendo para transformar a sociedade e o mundo atual.
Cabe ainda lembrar, que a cada dois dias uma pessoa é executada no Brasil por causa da homofobia, sem que os culpados sejam punidos; que os adolescentes LGBTS estão sendo expulsos de casa pelos próprios pais e sendo jogados na rua da prostituição e no mundo das drogas; que a maioria das lésbicas da Baixada não conseguem um emprego formal por causa do preconceito, que os homossexuais da Baixada Fluminense não conseguem sequer acabar o ensino fundamental por motivo de homofobia dos professores e colegas de classe. O que em muitos países é apenas uma simples diferença, no Brasil causa tanto exclusão social e dor.
As paradas não conseguem mais retratar essa triste realidade. Claro que não queremos fazer um evento triste e chato, queremos sim, luxo, glamour, plumas e paetês. Mas não podemos mascarar uma realidade vivida pela maioria dos homossexuais trabalhadores.
Como nem tudo na vida são flores, a 7ª parada LGBT de Nova Iguaçu, também serviu de palco para políticos oportunistas, que nunca fizeram nada em prol da causa LGBT, subirem nos trios e descaradamente realizarem suas campanhas eleitorais, com a conivência dos responsáveis desses trios elétricos e a inércia do tribunal eleitoral da cidade, haja vista que solicitamos a fiscalização para o dia do evento e recebemos da justiça o silêncio como resposta.
Para nós militantes sociais, não basta ser gay, heterossexual ou bissexual, o importante é buscar a sua cidadania plena enquanto é tempo, lutar por uma moradia digna, voltar a estudar, fazer um bom curso, ter um bom emprego e assim ser respeitado. O cantor Gonzaguinha já dizia que, sem o seu trabalho o homem não tem honra, e é exatamente por esta honra que precisamos lutar cotidianamente.
Não queremos também, que a população acredite que nossa luta principal é por casamento homossexual, casamento é uma questão que fica no campo da religião, e cada um tem os seus dogmas. O que buscamos é o respeito aos nossos direitos civis, inclusão do termo “orientação sexual” na Constituição Federal, inserção da homofobia (ódio, pavor, contra os homossexuais) no Código Penal como crime inafiançável equivalente ao racismo.
Finalizando, gostaria de lembrar aos políticos e à população em geral que os homossexuais já somam mais de dez por cento da sociedade contemporânea, que vota, paga imposto e se encontra em todos os lugares.

por Eugenio Ibiapino.
Fundador do movimento LGBT da Baixada;
Coordenador Geral da Parada LGBT de Nova Iguaçu;
Vice presidente do grupo 28 de junho.
Email. Grupo28dejunho@yahoo.com.br

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