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Jonnathan Alves entrevista Rozzy Brasil

A entrevistada dessa semana é uma cronista da vida urbana assina uma coluna na REVISTA S! onde fala sobre conflitos humanos. Rozzy Brasil(foto) alem de grande cronista e uma ativista da causa LGBT, desenvolve um trabalho onde ajuda instituições que cuidam de pessoas carentes portadoras do HIV. Com suas crônicas já causou paixões e ódios. Sempre muito contundente e inteligente na sua opinião, você vai ler a seguir uma entrevista onde você vai parar e pensar com certeza. Entrevista concedida a Jonnathan Alves.

1- Como surgiu a ideia da coluna “Crônicas Urbanas”?
A coluna em si surgiu quase por acaso. Eu já escrevia e a Myriam Galvão, sócia do então Jornal O Sexo mostrou um texto meu para o seu sócio José Carlos e sacaram que era uma crônica. Conversamos e a idéia da coluna seria escrever sobre fatos, sentimentos comuns a todas as pessoas. Ninguém é melhor ou pior por ser gay, ser hétero não transforma ninguém numa maravilha de pessoa. Relacionamento traz dores e alegrias indistintamente para o ser humano e o fato de vivermos num centro urbano como o Rio de Janeiro potencializa nossas oportunidades de sentir, nos obriga a estar em movimento e muitas vezes não nos oferece escolha, a gente tem que conviver! Apenas podemos permitir um grau maior ou menor de intimidade, a proximidade é muitas vezes inevitável.

2- Como você vê a militância existe divisão ou é impressão?
Toda militância nasce da divisão por conta do preconceito. Luta-se por direitos negados pela sociedade, daí haver células de militâncias, acontece naturalmente. A militância gay tem características particulares. Perceba: Negros são negros independentemente do sexo e da posição social, ainda que os mais ricos sejam aceitos com menos dificuldade, seu status social não os livra integralmente do preconceito, ou seja, algumas lutas se apresentam como  um bloco único e ainda assim há dissidências.

3-Como você vê o trabalho das ONGs LGBT?
Vejo com bons olhos todo e qualquer trabalho para o esclarecimento e justiça social, pela redução do sofrimento causado pela intolerância. Tudo o que se fizer direcionado para esse caminho precisa ser estimulado, principalmente se a busca é para que as pessoas sejam vistas a partir da sua condição de pessoa, ser humano, cidadão brasileiro.

4-Como você vê a parada, hoje, segundo críticos e até você abordou na sua coluna. Tá deixando de ser luta pra virar momento pegação. E isso mesmo a luta acabou?
A luta está só no começo, porque não há luta se o adversário não comparece, não “bota a cara”. Hoje temos a visão do tamanho do preconceito, do poder do adversário. O que não temos são armas para essa luta, que armas seriam estas? A legislação. Nossas armas são ferramentas de inclusão e objetivos em si.
Os direitos são adquiridos com processos e ações judiciais o que não é democrático. A Constituição não é respeitada, pois ela diz que todos são iguais e na prática vemos que não é assim. Ser homossexual não é ser diferente, embora tenhamos que o tempo todo “fazer a diferença” onde quer que estejamos.
 Quanto à parada ser momento de pegação, seria ingenuidade demais querer que essa prática não existisse, porque faz parte do ser humano “pegar” ou tentar em qualquer lugar. Se tem mais de uma pessoa num local, já está aberta a temporada de caça e isso não é só para gays.
Pra seguir o mesmo raciocínio da minha última coluna, o carnaval é momento de pegação? Sim, pra quem tem essa intenção. A parada é momento de militância? Sim para quem lá está com esse objetivo. O fato é que mesmo debaixo de preconceito, hoje vivemos uma situação menos desconfortável que no passado, como “só quem morreu na fogueira sabe o que é ser carvão”, a conscientização para o foco da luta homossexual, começa dentro do próprio grupo. Não educaremos os de fora se não fizermos o trabalho de casa. Na coluna eu coloquei pontos para nossa reflexão, eu gosto de pensar e provocar discussão mais do que criticar.



5- O que você faria pra mudar esse panorama de desmobilização da comunidade?
Abrir a cabeça de cada um e colocar lá dentro um bilhetinho: “Réloooouuuu! Você pertence a uma comunidade!!!!” rsrsrsrsr.
Um grande problema é o excesso de individualismo.

6-Como você viu o ocorrido com o rapaz no parque Garota de Ipanema depois da parada do Rio 2010? Você não acha que ele se arriscou entrando no parque fechado pelo buraco da grade?
E daí?  No máximo deveria ter sido conduzido a uma delegacia para responder por invasão, não é verdade? Quantos pichadores ou baloeiros invadiram propriedades privadas, tomaram tiros de seguranças e os seguranças foram levados a responder por seu crime? E quantos disseram: “Tadinhos dos meninos”.
A grande pergunta é: se fosse um casalzinho hétero, haveria tiros também? Sempre falo que o pior da homofobia é a covardia travestida de defesa da moral, uma doença.

7- Você não acha que esse tipo de atitude mancha a comunidade e acaba dando munição aos religiosos que tanto nos condenam e aos homofóbicos que vivem a nossa espreita?
Os rapazes espancados em São Paulo, apenas caminhavam pela calçada.
Para os homofóbicos e maus religiosos (aqueles que fazem da religião uma ferramenta da intolerância) não é necessária nenhuma atitude para condenar o homossexual, basta que ele exista para sofrer condenação por parte desses seres... Os garotos invadiram o parque porque eram gays ou porque são jovens e jovem tem muito de inconseqüência e faz merda mesmo?

8-Falam muito em beijo gay na TV. Você acha a sociedade ta preparada?
A sociedade não está preparada para ver um gay vestido, calado e parado, imagine beijando na TV...
9- Qual a sua maior alegria e decepção no meio gay e o que você espera do futuro? 
Uma alegria é ter a minha coluna lida e comentada para o bem ou para o mal. Ter sido convidada para esta entrevista, diante de tantos cronistas mais populares me deixou alegrinha mesmo!
Uma alegria futura e improvável seria quando as pessoas deixarem de se preocupar tanto com a minha opção sexual. No meio hétero se a gente não sai pegando ninguém do sexo oposto, desperta essa curiosidade. No meio gay perguntam sobre ativa e passiva (termos que acho pra lá de cafonas). Preferia que tivessem mais curiosidade com relação ao meu caráter ou profissionalismo. Interesse em saber se eu sou uma boa pessoa.
Uma decepção é o preconceito que muitos gays têm contra sua própria condição.

10-  Qual o trabalha da casa da vida?Como surgiu?
Eu sempre estive envolvida com alguma atividade voluntária, prefiro voluntariado que inclua relacionamento, nada dessa coisa de fazer uma doação e dormir tranqüilo como se tivesse pago uma prestação da minha morada no céu. Eu gosto de me envolver e conhecer as pessoas e sentir a troca do bem.
Comecei lendo histórias para as crianças hospitalizadas, depois dando aulas para mantê-las em dia com o conteúdo escolar.  Então, fui trabalhar numa Associação de apoio ao combate ao câncer com a publicitária Rita Schmied, produzíamos e organizávamos eventos para a causa, voluntariamente, pedíamos doações para atividades nos hospitais, fazíamos festas para as crianças e familiares, organizávamos programas de entrega de cestas básicas.
Quando saí desse emprego mantive essas atividades voluntárias, nós tínhamos um sonho em comum, criar um núcleo de solidariedade direcionado para os portadores de doenças graves Então sonhamos a Casa da Vida.
O trabalho da Casa da Vida: Realizamos eventos para captar recursos para ajudar pessoas e mesmo instituições sem fins lucrativos para algum objetivo específico ou mesmo que esteja com alguma dificuldade damos consultoria, orientamos essas instituições a criar projetos para que se tornem auto-sustentáveis.
Colaboramos com grupos de voluntários, atualmente do Hospital São Francisco de Assis no segmento das crianças soropositivas.
Temos uma visão de que a cultura alimenta o espírito e reforça o tratamento, assim, a gente promove a 1ª ida ao teatro de pessoas portadoras de necessidades especiais, deficiência mentais, sem recursos  enfim, pessoas que por uma série de motivos nunca pisaram num teatro ou cinema.

Para conhecer mais sobre o trabalho de Rozzy entre nos sites;

Sobre o Colunista:
Jonnathan AlvesJonnathan é estudante de Jornalismo e colunista do blog NOTICIA G.
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Sobre Unknown

O Noticia G é um blog de notícias LGBT sob o princípio da diversidade. Portanto, divulgamos tudo o que cremos ser relativo a todo SER HUMANO. O blog NOTICIA G não mantém qualquer vínculo empregatício com seus colaboradores/colunistas. Todos o fazem por livre e espontânea vontade. As opiniões expressas pelos colaboradores/colunistas não refletem necessariamente a opinião do blog. Se você detém direitos sobre qualquer assunto/mídia veiculado no blog, favor contatar para retirarmos (noticiag@hotmail.com)
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