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Silvetty Montilla a melhor Drag Caricata do Noticia G


Nascido Silvio Cássio Bernardo, o ator-transformista é um ícone da noite gay de São Paulo. Sua personagem Silvetty é considerada a melhor drag caricata do Brasil, em virtude de seu humor ácido e inteligente. O site Noticia G promoveu uma enquete durante dois meses para saber qual a draga caricata preferida dos seus leitores, e com 45% dos votos a ganhadora foi Silvetty. Veja a entrevista da drag babadeira para o site ABALO.

Abalo: Como você começou sua carreira?
Silvetty Montilla: Há 16 anos atrás, participando do show de calouros na extinta Fábio's, sob o comando da Colibri. Conheci o Di Calafi (que fazia Elba Ramalho) responsável pelos shows montados da Val Show. Ele me convidou para participar como bailarino. Também participei de concursos de miss, dos shows da Xepa, foram surgindo coisas novas interessantes, eram sempre shows de dublagem com balé.

A: E quando começou a ser animadora?
SM: Tinha um bar chamado Vila Verde na Rua Amaral Gurgel, e um dia a apresentadora faltou, o Carlinhos falou que eu ia apresentar, entrei, falei algumas coisas... Eu era muito ruim!

A: E os concursos?
SM: Participei de vários concursos de beleza, fui miss primavera, São Paulo e outros, e pasmem ganhei todos.

A: Quando veio o sucesso?
SM: Na época da HS (Homo Sapiens), logo depois comecei a trabalhar com o Rubens Rodrigues apresentando os Panther Boys. O Hugo (proprietário da Nostro Mondo) negociou a ida dos Panther Boys para a sua casa e exigiu que a apresentadora fosse junto, e ele nem me conhecia, só tinha ouvido falar de mim. Lá ficamos três anos. Na mesma época comecei a trabalhar em Sorocaba no bar da Rita Simon, o Paulinho, que meu deu oportunidade. Na época a Rita queria ser tudo, apresentadora, barman, segurança... e graças ao Robson surgiu meu nome. Pra vocês terem uma idéia do sucesso, eu ganhei apenas com um ano de noite o troféu do Darbi que era dado somente para artistas de TV, Teatro e para dois artistas da noite gay. A Léia Show até me contou que ela tinha levado 13 anos para ganhar o troféu e hoje em dia eu já tenho três.

A: Quanto tempo você tem de Nostro Mondo?
SM: Estou lá há 12 anos. Apresentava os Panther Boys e um dia fui convidada para ser júri de um concurso. Eu tava linda, toda maquiada super produzida. As apresentadoras iam ser a Greta Starr, Miss Biá, Geórgia e Lenka Saad, mas a Lenka tava com problemas e não pode ir, dez minutos antes o Joãzinho me falou que eu iria ser uma das apresentadoras. Morri de medo, pois a casa estava lotada, disse que não, pois estava lá pra ser jurada. As outras apresentadoras acabaram comigo falando: Você vai colocar isso para apresentar junto com a gente, esta é uma festa de nome. Ele falou com o Hugo que veio conversar comigo e de uma forma bem sutil deu a entender que se eu não apresentasse não precisava mais aparecer na casa. Pensei bem e tomei a decisão, não vou deixar elas me tombarem, vou apresentar. Quando entrei o povo começou a gritar, me aplaudir, a casa veio abaixo e a Rogéria me fez muitos elogios, enquanto as outras apresentadoras queriam me jogar lá de cima. Passou-se um tempo e a maioria das festas eu sempre estava apresentando. Essa foi minha resposta sem precisar levantar o nariz. Aos poucos elas viram que eu era humilde e que estava ali para fazer meu trabalho. Sempre respeitei e admirei os trabalhos de Miss Biá, Geórgia, Gretta, Velani, o próprio Frank e outras que assisti, pessoas que vieram antes e abriram caminho para nós. No início, quando a Lenka tava doente, me chamavam para substituí-la, na época o público ia só para vê-la e tive que conseguir manter o sucesso. Mas ela era incomparável, infelizmente não teve cabeça.

A: De quem você gosta hoje?
SM: A Pandora, tem um talento... mas não sabe se valorizar. Dubla, escreve, dirige, atua... eu não faço nada disso, ela é maravilhosa. Da Michelle vou falar sempre que além de ser talentosa, é humilde, simples e sabe marcar seus trabalhos. Ela simplesmente arrasou como apresentadora no meu aniversário do ano passado.

A: Quem são as estrelas do mundo gay?
SM: Hoje temos quatro nomes em São Paulo que são conhecidas a nível de Brasil, nem as cariocas são tão conhecidas. Léo Áquilla, Nany People, Dimmy Kieer e eu, cada uma no seu estilo. Imaginem uma delas fazendo o que eu faço sem maquiagem e de chinelinho? Elas são marcadas por seus visuais e suas produções e o meu é o verbal. Eu só me maquio e me produzo pra grandes eventos.

A: O que você acha dos Clones?
SM: Como a Dimmy falou eu não tiro a razão. O que essas drags pensam da vida? Elas que trabalham só com visual o que vão fazer quando surgir alguma mais nova? Viajo muito e os donos de boate falam: Silvetty, eu não chamo mais fulanas, pois elas chegam e só sabem bater cabelo, quando pegam o microfone não falam nada, não lêem, não tem cultura. Não to dizendo que sou inteligente, não sou mais que ninguém, mas procuro ler, inovar e ser diferente. Na nossa época tivemos que penar para chegar aonde chegamos. Eu ralei muito, fazia show em puteiros da boca e as quatro da manhã estava no ponto, com bolsa esperando ônibus. Se comentam "só chamam a Silvetty", é porque tenho uma história.

A: Quando você começou como apresentadora era mais séria ou já era escrachada?
SM: Sou tímida, há uma grande diferença entre eu e as outras apresentadoras. Com elas o público só escuta e não participa, já comigo eles falam, gritam e se soltam mais. Com as minhas gafes dava a oportunidade do pessoal falar, retrucar, um verdadeiro pingue-pongue.

A: A Dimmy na sua entrevista, falou que pena para conseguir que alguém suba no palco...
SM: Isso é muito legal, li a entrevista, e agradeci a ela. Comigo sempre tem aqueles que querem subir, porque as pessoas que estão ali fazem parte do show e não estão sendo pedestal pra eu acabar com elas. Lógico que mamo, brinco, mas respeito, por mais que seja uma qualquer, dependo deles, é muito raro eu pegar e dar uma dura. As poucas vezes que fiz isso acabei por me sentir mal.

A: Antigamente tinha mais oportunidades?
SM: Agradeço muito as oportunidades dadas pelo Rubens Rodrigues e outras pessoas que passaram pela minha vida, que aliadas ao meu talento me ajudaram a estar durante esses 16 anos na noite. Acho que hoje as pessoas têm muitas oportunidades e não sabem aproveitar.

A: Como surgem seus jargões?
SM: Uma vez na Nostro só passei um batom e ai perguntei: "To bonita?", a resposta foi imediata: "Não", e ai surgiu o jargão, isso é o diferencial...

A: Você recebe muitas críticas?
SM: Sinceramente não. Acho muito gratificante as pessoas chegarem falando que estavam maus e depois de assistirem meu show se sentiram melhor. Eu mesma não tenho noção de como marca na cabeça das pessoas, muitos falam não tem outra melhor que você, é gratificante, para seu ego, mas nunca disse isso, sempre falei que sou a que mais trabalha. Ninguém nunca chegou a fazer sete shows numa noite como eu já fiz, se falar é mentira, hoje trabalho em tudo quanto é casa. Mesmo se eu não tiver viagem no sábado, tenho quatro shows, no mínimo, em SP.

A: Você chegou à tv, após os primeiros programas como você se vê, você está preparada para ir para um canal aberto?
SM: Isso tudo é novidade, se eu falar que to preparada estaria mentindo, quem viu o primeiro programa e os mais recentes vê que cresci bastante. O humor da boate não posso usar no programa da tv, tudo tem sido um aprendizado. Nunca tive a pretensão assim como o Léo, de ter um programa. A Beth (diretora e produtora do programa) fez uma pesquisa e o nome que mais citaram foi o meu e é muito gostoso. Se ta pronto para ir para um canal aberto, só alguém que trabalhe com TV pode dizer. O nosso câmera um dia disse que se eu assistir o primeiro depois assistir o sexto ou sétimo vou ver que melhorei muito. No começo não olhava para a câmera, coisa que só se aprende com o tempo. Havia recebido outros convites que nunca aceitei, pois eram coisas que não tem nada a ver comigo, que iam para o lado da baixaria. A Beth fez o convite e me mostrou o formato, achei que tava muito bom é um talk show com humor, e muito mais coisas. Fui fazer o Pop Gay, para mais de 20 mil pessoas em Florianópolis com o Edson Cordeiro e as pessoas perguntavam por que o programa não ia para lá? Infelizmente estamos numa tv paga e restrita a São Paulo. A Beth é uma pessoa maravilhosa que esta correndo atrás de patrocínio, batalhando, se fosse para um canal aberto, qualquer uma a nível nacional e no mesmo horário, ia ser uma audiência maravilhosa.

A: Você já foi criticada por apelar para palavrões...
SM: Não falo palavrão, falo: "meu cu". No meu dia a dia não falo. Esse é um comentário que a Kaká faz e acho que não tem fundamento, o termo que uso sei como colocar no palco. Já fiz festas que não tinha nada a ver e as pessoas morreram de rir e não se sentiram ofendidas

A: E esse seu namoro (televisivo) com Otavio Mesquita, vai ou não?
SM: Uma vez fui apresentar um concurso de drag no Mercado Mundo Mix, estava lotado e só tinha pessoas maravilhosas no júri, inclusive ele. Chamei-o no palco e fiz algumas brincadeiras, no fim ele me convidou pra fazer alguns trabalhos com ele, mas eu sou meio parada, não fui atrás. No ano passado na época do Gala Gay ele falou que tentou entrar em contato comigo, só que as pessoas não tinham meu telefone (risos).

A: Foi como a história da Novela do Falabella?
SM: Não. Na época surgiu o convite do próprio Miguel que tava criando um personagem para mim, mas a Globo vetou toda a produção e cortou a novela.

A: Como você faria o Gala Gay?
SM: Eu daria um show. Não assisti o Léo Áquilla nem a Monique. No meu caso faria humor, sem esse negócio de querer mostrar peito, pau... Ia queres saber nome, mostrar as personalidades do nosso meio com muito glamour sem apelar para a baixaria...

A: E se a produção tentasse te induzir?
SM: Eu não aceitaria. Ouvi comentários que o pessoal preferia a Rogéria, a Nanny, a Elke e o Leão Lobo. Se eu tivesse uma oportunidade faria muito bem feito.

A: Você tem medo de aparecer alguém na sua área?
SM: Jamais, eu sou pessoa de elogiar. Michelly Summer, no meu aniversário do ano passado, ela deu um show, meus amigos amaram, eu me diverti muito, se ficar com medo, não trabalho, muita gente não conhecia esse lado da Michelly, a Pandora é muito talentosa, a Dindry e perfeita no quadro que ela faz e que a Kaká falou que é dela. Não vejo dessa forma, o trabalho dela é diferenciado, tem que saber falar, perguntar, ela comanda muito bem. Tem a Dimmy Kieer e a Nany People. Tem umas que aparecem ficam dois anos e somem. Eu to há 16 anos direto.

A: Tem alguém que você passaria a coroa?
SM: Vai acabar surgindo. Teve uma época que o Victor (dono da Blue) e a Greta falaram: "Silvetty você vai ficar muito mais ainda, pela sua simplicidade e humildade". O talento não tem que ser só no palco tem que respeitar e dar atenção às pessoas fora dele. Tem algumas surgindo como a Cicetty e a Paulette, mas como eu aprendi, elas tem que aprender algumas coisas ainda. Tem que ter respeito pelo próximo, ser humilde, simples, não dar o passo maior que a perna.

A: Tem alguma casa que você não trabalharia?
SM: Não tenho problema com nenhum diretor artístico ou dono de boate. Lógico que com alguns tenho mais afinidade e outros até amizade mesmo. Teve o atrito com o Sérgio Kalil por não ter feito o carnaval o ano passado, mas já foi superado. Antes de fechar o contrato com o Massivo, liguei muito para a casa dele, mas não tive resultado, se na época ele falasse que eu não deveria, não teria assinado. Trabalhei durante sete anos com ele, não trocaria o certo pelo duvidoso. Fiquei magoada quando ele falou no palco: "pra que uma Silvetty quando posso ter uma Thalia e uma Pandora", pois sempre o respeitei, ele tem muito talento e se hoje ganho o que ganho em algumas boates, devo a ele. Há oito anos atrás na Gent´s eu ganhava 50 reais e ele disse que era um absurdo e passou a me pagar 250 reais. A primeira vez que ele deu aquele dinheirão, para aquela bicha penosa que esperava ônibus no Ibirapuera, foi o máximo... Este ano ele me chamou e conversamos. Não ia deixar de ganhar meu dinheiro por comentários, eu simplesmente fiquei magoado, mas tudo se acertou. Outro que me emocionou muito foi o Daniel da Nostro Mondo. Ele me tirou no amigo secreto e no comentário antes de entregar o presente falou que eu era a única que ainda despertava a vontade dele de sair e estar na noite. Fiquei muito emocionada.

A: Você aplicou bem o que ganhou?
SM: As pessoas comentam sobre os meus bens, e não tenho vergonha de falar sobre isso não. Era oficial de promotoria, pedi exoneração para fazer só o que faço, mas nunca imaginei que daria certo, deu certo e me compensa, hoje em dia posso parar, fico triste quando vejo muitos artistas que admirava não ter um apartamento, nem uma linha telefônica, na época que valia algum dinheiro. Tudo que tenho foi do trabalho da noite, se tivesse ficado no meu antigo emprego ganharia bem, mas não sei se teria o que tenho hoje. Poderia até parar de trabalhar. Não roubei, foi um dinheiro suado, trabalhado. Uma vez na época da Parada, fiz seis shows na sextas, viajei para Curitiba, fiz a Parada de lá no sábado de manhã, show em uma sauna à tarde, uma boate à noite, vim para São Paulo, fiquei 5 horas e meia em cima de um trio elétrico e ainda fiz mais oito shows à noite, fiquei dois dias sem dormir. Ainda faço isso hoje em dia se precisar e não tenho vergonha nenhuma.

A: Por que você é a apresentadora da Parada?
SM: Desde a primeira estive lá dando minha cara a tapa, é por merecimento. A Parada me deu a oportunidade e a abracei. Faço a de Brasília, de Curitiba, até recebi um diploma de honra da Parada de Curitiba. Fico triste quando as pessoas não procuram saber da minha história?

A: Como você vê a Parada e a Associação?
SM: Não faço parte da Associação, sou voluntário, tanto, que só vou na época da Parada. Já vi entrar e sair gente maravilhosa, competente, não sou de participar de reuniões, fui uma vez vi coisas que não gostei, então achei melhor me afastar e fazer meu trabalho de longe.

A: Como você analisa os Gays que estão na mídia?
SM: Vou ser super franca, gosto de ver pessoas que são batalhadoras, vou citar a Nany, que veio de uma formação de teatro, e vejo o quanto ela batalhou para ser o que é hoje. Ela tem o cachê que ela quer e as pessoas a chamam. Acho o trabalho dela muito legal. Não gosto do trabalho do Léo, na Monique, mas é o trabalho dele. Leão Lobo e Clodovil são pessoas mais afastadas. O Clodovil acho talentosíssimo, se um dia estivesse no programa dele ia me sentir tão mal, daria muita gafe, o que não aconteceria com Leão. O Clodovil dá medo pela sua inteligência.

A: Tem trabalho beneficente?
SM: Às vezes brinco com a questão da hora da oferenda, foi uma coisa que surgiu, tenho latas cheias de moeda, que falo que vou enviar pra "Casa do Gay Carente". No fim do ano passado sugeri ao Vitor o Show Beneficente à Casa Brenda Lee, foi gratificante, é lógico que não vou ficar fazendo show de graça, pois é o meu trabalho, mas nesse corri atrás, batalhei vendi convite, não é vergonha nenhuma e espero que o ano que vem seja muito melhor. Fiquei tão feliz, nesta festa ninguém ganhou um real. A dona Marli falou que aquele dinheiro veio numa hora muito especial. Sempre faço festas para elas no fim do ano, elas ficaram felizes.

A: Nos shows de stripper e boys, você nunca tirou uma casquinha?
SM: Não to morta, é lógico que faço uma sátira, mas tudo com muito respeito. Boy é que nem drag, alguns se acham estrelas. Tem uns e umas que não falo, mas quando apresento sou profissional. Não sou obrigada a falar com todo mundo.

A: Como anda o coração do Silvio?
SM: Meu coração tá batendo, tá bem, estamos tentando se conhecer, não é Thiago? (pergunta ao namorado que está a seu lado). Estamos juntos há pouco tempo. Tive um relacionamento de seis anos e ele tá com outra pessoa. Quero que ele seja feliz como eu estou tentando ser.

A: Como você se sente sendo a Mocidade a Campeã do Carnaval de São Paulo?
MS: Ela é a minha escola do coração, já tive tantos problemas ali, dou minha vida, amo, sou roxa. No dia da apuração estava no aeroporto de floripa, vi uma nota meio baixa, e fui pro avião meio assim. Quando cheguei no aeroporto de São Paulo queria saber o resultado. Quando o meu amigo me falou, fui em casa deixar as malas e fui direto pra quadra. A escola estava há 23 anos sem ganhar um titulo e eu estou há 21 anos na escola. Quem deve levar as honras é a presidente, pois num dos carnavais mais concorridos, quando ela falava fazia a gente se emocionar. Mesmo se a Gaviões não descesse, ela só chegaria em sexto lugar, a Mocidade veio perfeita, a Nany (rainha da bateria) foi a mais comentada do carnaval. O Mauricio Kubrusly falou dela direto, por mais que ela não tenha nota, foi comentada, tava tudo muito lindo, o carnavalesco, o samba.

A: Dizem que os gays são promíscuos...
SM: Somos carentes. Eu sempre converso muito com meus namorados, acredito que existe o amor e o tesão, não acredito em fidelidade, acredito em respeito, temos que nos respeitar, se tiver que fazer, que faça muito bem feito sem que ninguém saiba. Tesão você vai, gozou e acabou, amor é sentimento, você vai ter por uma pessoa especial, para estar junto sempre. Duas coisas que nunca quis que acontecesse no relacionamento desrespeito e mentira, a pior coisa é alguém vir a te falar que viu isso ou aquilo.

A: Você vai lançar outro CD?
Pra mim foi uma experiência boa, o Nenê que fez o convite, foi muito válida. Tenho muito medo de como as outras fazem o CD. Conversei com um cara do Ecad e ele me falou que se alguém denunciar dá um rolo danado. Queria fazer, mas por uma gravadora, independente de qual seria. Acabou que deu muito bem, não tive que pagar nada e ganhei, foram escolhidas músicas da minha época, nada de bate cabelo, de bum bum bum e ainda foi gravado aquele show do Queen. Tive o convite para fazer o DVD, mas às vezes não tenho muito essa vontade de ir atrás e correr...

A: Existe briga entre você e Frank Ross ?
SM: De minha parte jamais. O Frank é uma pessoa que quando comecei, ele já estava na noite, temos uma diferença muito grande, ele é talentoso, só que teve uns problemas no passado, e se ele está como está, é problema dele. Eu o respeito e o trabalho dele. E há um diferencial, o que sou no palco sou no palco, fora sou outra pessoa. Ele é 24 horas aquilo. O trabalho dele é totalmente diferenciado.
A: Melhor público?
SM: Todos. Tem dia que você não tá legal, as pessoas pensam que não tenho dor, não choro, já teve dias que eu estava muito ruim e foi só subir no palco e tudo mudar. Eu não bebo, não fumo, não cheiro, e isso é muito legal. Há domingo que faço sete shows na noite, e o publico varia de lugar pra lugar.

A: Já teve vontade de largar tudo?
SM: Sim, não pelo público, mas por causa dos artistas que fazem o trabalho com a gente, as pessoas querem puxar o tapete, falar mal. Tive vontade de parar pelos ti-ti-tis, uma fala mal da outra, a que começou ontem e quer ser a melhor. Graças a Deus o público não sabe de nada disso.

A: E o público Hétero?
SM: É ainda melhor. Para os gays se você é boa não basta, para cair ele te puxa em 1 minuto, já os héteros não. Uma vez na Feira Eruptiva eu tive uma experiência maravilhosa, num dia lotadíssimo onde teria a eleição do bumbum masculino e seios femininos, 75% eram homens, 20% de mulheres, 5% de gays, brinquei com os caras que ia ter umas minas maravilhosas, e não apareceu nenhuma mulher pro show nesse dia. Eu podia ter saído linchada dalí, mas acabei sendo aplaudidíssima. Numa outra vez na Over Night só tinha molecada, quando entrei, eles acabaram comigo, só que tive jogo de cintura, brinquei com eles e eles me aplaudiram depois até cantaram comigo, eles se divertem. Já fiz festa de Bodas e até eventos para 400 mulheres.

A: O público gay é exigente por que?
SM: Às vezes pela falta do novo, elas querem tudo do melhor.

A: Você nunca fez Shows no Rio de Janeiro?
SM: Só uma vez, há 10 anos atrás, no Cabaré. Se tivesse convite talvez não iria pelos cachês que pagam. A Lorna Washigton e a Rose Bombom são talentosíssimas e não sei o cachê delas, mas acho um absurdo, e o pior é que os shows lá são tudo na mesma hora não daria para fazer como faço em SP.

A: Você é cara?
SM: Olha que tem artistas mais caros. Cobro o valor que mereço. Tem gente que acha frescura eu não viajar de ônibus, mas como vou encarar 8 a 10 horas de viajem depois de uma sexta feira com seis shows? E imaginem a volta pra trabalhar no outro dia, de ônibus não consigo dormir, a não ser que seja um tempo curto de três, quatro horas. Viajo o Brasil todo e para mim de avião é mais cômodo. Muitas vão de ônibus porque na sexta fazem só um show, quando fazem.

A: O que você quer e espera do futuro?
Quero continuar fazendo o que faço por mais não sei quanto tempo. Fico muito feliz, quando pessoas me param na rua falam que gostam do meu trabalho, que eu os faço feliz, não só pelos bam bam bans, mas por aquela bichinha... Quanto ao programa, acho bom, torço pela Beth, quem sabe alguém que leia esta entrevista possa patrocinar o programa e um dia chegar num canal aberto, não tenho essa pretensão, mas vemos tanta coisa ruim ai. Rezo todo dia, peço a Deus para me ajudar sempre.

A: Silvetty com 60anos?
SM: Se eu tiver quem me aplaudir, força e saúde, estarei nos palcos, só não quero ser aquele artista que as pessoas dizem que já deu o que tinha que dar. Quero morrer fazendo o que sei fazer: passar alegria.

A: Algum agradecimento?
Agradeço ao Victor da Blue que é meu amigo, ao Marcos da Freedon, ao Rubens que sou eternamente agradecida, ao Sérgio Kalil, ao Ocimar, Eliel, Jerônimo e todo pessoal da Tunnel , Daniel da Nostro, Valdo, Renato, Marcos Leandro, Roberto Mafra da Danger, ao Evandro que muitos dizem ser difícil de trabalhar, mas comigo nunca foi desde os tempos da Nigh Boys. Nada melhor do que poder agradecer a quem te dá trabalho e oportunidade e desculpe se esqueci de alguém.


Veja o resultado da enquete:
Escolha sua Drag Caricata preferida!

Silvetty Montilla
40,54% (15 votos)
Thalia Bombinha
13,51% (5 votos)
Marilú Camburão
8,11% (3 votos)
Lorna Washington
10,81% (4 votos)
Rose Bombom
8,11% (3 votos)
Suzy Brazil
10,81% (4 votos)
Elys D'Taylor
(nenhum voto)
Juju Pallito
(nenhum voto)
Cibele com Ç
(nenhum voto)
Anandhya Spencer
8,11% (3 votos)
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Sobre Unknown

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