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Chefe gay. É tabu?


Estava no meio de um almoço quando recebi o telefonema de um aconselhado das clínicas de preparação para a vida. Em prantos, ele me disse "estar desolado por ter sido humilhado por seu chefe. Coisa que jamais tinha acontecido na mesma proporção". Consegui um horário na minha agenda para atendê-lo e eis que me deparo com uma questão inusitada. Ele me falou que seu chefe é homossexual e naquele dia estava com problemas em casa. "Fui perguntar algo rotineiro e como o peguei num dia em que ele tava atacado, levei um baile".

Seu relato, aliás, não para por aí. Acabou me confessando que seus dias têm sido um tormento por ter dificuldade em adivinhar o humor do chefe e se sentir sempre refém do seu estado de espírito, que oscila de forma imprevisível. "Tenho receio de falar qualquer coisa", confessou-me. Situações como a dele começam a ser mais comuns no mundo corporativo do que imaginamos. Só que poucos, muito poucos, comentam.

Até bem pouco tempo atrás, estávamos acostumados apenas ao poder masculino. Diante da evolução do mercado - com a revolução do sexo feminino levando as mulheres a ocupar postos de liderança e as empresas se preocupando com a diversidade -, o cenário tem mudado radicalmente (e para melhor!). O grande problema é que muita gente ainda não se acostumou a ter mulheres ou homossexuais comandando equipes.

Tanto que meu assessorado continua achando estranho lidar com as diferenças de humor do seu chefe e outros executivos que conheço não se conformam por serem liderados por mulheres. Claro que os estilos são diferentes, mas há aspectos positivos e negativos na forma como exercem o poder, da mesma forma que os homens. Lembro bem de colegas que não suportavam o jeito agressivo de alguns chefes do sexo masculino e a falta de habilidade no trato com os subordinados.

Talvez, o ponto chave seja romper com as barreiras culturais que herdamos. Historicamente, fomos acostumados a ver o homem fora de casa, buscando o sustento de casa - e, naturalmente, o poder tinha que estar em suas mãos. Os tempos mudaram, mas muito marmanjo não aceita ser comandado por mulher alguma. É como você ouvir nos corredores das empresas frases como "Tudo deu errado. Só podia ser mulher" ou "Mulher não entende disso, não sei por que deixaram o comando dessa área com ela" e por aí vai....

Uma matéria da revista Você S/A deste mês, que fala sobre possíveis impactos genéticos nas escolhas profissionais de homens e mulheres, retrata bem a questão. A autora do polêmico livro O Paradoxo Sexual, Susan Pinker, faz o seguinte alerta: "A empresa que não entender as diferenças de raciocínio entre os sexos corre o risco de perder executivas talentosas". Acredito que o recado também vale para as pessoas.

A diversidade nos ensina que é importante ter pessoas com perfis e habilidades diferentes, que se completam. Será que as pessoas já se acostumaram ao estilo de gestão masculino que não enxerga mais o lado negativo? Se por um lado as mulheres tentam ser duras, evitando que transborde toda a sensibilidade que lhes é peculiar, por outro elas possuem características fundamentais como flexibilidade, jogo de cintura e capacidade multidisciplinar para tocar várias coisas ao mesmo tempo.

No caso dos homossexuais não será puro preconceito? Todos nós temos dias que não estamos bem e cada um tem uma forma diferente de reagir às emoções ou reversos da vida e isto parece não ter nada a ver com a opção sexual. A lição que fica é a seguinte: precisamos aprender a lidar com a diversidade de conhecimento, de ideias, de liderança, de comportamento. Os tempos são outros.

Julio Sergio Cardozo é conferencista, consultor de empresas e professor livre-docente de controladoria & finanças. Leciona no Programa de Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ e em cursos de MBA como professor convidado em diversos programas no país. Contador e Administrador, obteve o título de livre-docência pela UERJ com a defesa da tese: “A Inadequação dos Pareceres de Auditoria”. Participou, como orientador, presidente ou membro, em mais 80 bancas examinadoras de dissertações de mestrado e teses de doutorado na UERJ, Fundação Getulio Vargas, IBMEC e Universidade de São Paulo – USP.

Articulista ativo, escreveu mais de uma centena de artigos publicados em jornais e revistas de grande circulação no Brasil e no exterior. Conferencista bem avaliado, proferiu mais de 80 palestras no Brasil e no exterior. Detentor do “Prêmio Conselho Federal de Contabilidade de Pesquisa Contábil”, da “Medalha do Mérito Contábil” concedida pelo CRC-ES e da medalha “Joaquim Monteiro de Carvalho” – Ordem do Mérito Contábil concedida pelo CRC-SP.

Autor dos livros: “Contabilidade Geral” – Editora Dimensão; “Relatórios e Pareceres de Auditoria” – Editora Atlas (obra única e de referência sobre o tema); “Você Não Tem de Ceder: A Trajetória de Força e Ética de um CEO no Brasil” – Editora Campus/Elsevier; e "O Melhor Vem Depois. Desvendando o Enigma da Longevidade" com coautoria de Andrea Giardino - Editora Saraiva

Foi sócio da Ernst & Young por mais de vinte anos ocupando posições de destaque tendo como principais clientes as Organizações Globo – TV, rádios, mídia impressa, NET - Grupo Peixoto de Castro, Coca-Cola, Generali do Brasil Seguros. Como Chairman & CEO da firma na América do Sul integrou as operações na região e expandiu os negócios a taxas muito superiores às da concorrência. Tornou-se membro do Board da Ernst & Young Americas com sede em Nova York.

Após a sua aposentadoria da Ernst & Young fundou a Julio Sergio Cardozo & Associados, empresa de consultoria em negócios com sede na cidade de São Paulo.
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