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Entre a cruz e o arco-íris por Valmir Costa


"Posso ser aliada de movimentos, mas não sou o movimento em si”. Com esta frase, a candidata à presidência da República Marina Silva (PV-AC) tentou acabar com a polêmica de que ela não quis segurar a bandeira do arco-íris – o símbolo do movimento LGBT – dada como presente pelo vereador de Alfenas (MG) Sander Simaglio (PV-MG), na sexta-feira, 09, em Belo Horizonte.

A declaração de Marina Silva aconteceu durante sua passagem por Sorocaba, a 95 quilômetros de São Paulo, nesta quinta-feira, 15. “Não vou levantar a bandeira, assim como não faço como os demais movimentos. Não costumo fazer esse tipo de coisa”, justificou a candidata do Partido Verde (PV).

De acordo com o vereador Sander, do mesmo partido de Marina, a candidata à presidência deu um jeitinho de abraçá-lo com uma mão e com a outra, por baixo, esconder – mais que depressa – o símbolo da luta do movimento homossexual. Ontem, 14, Marina Silva escreveu o texto O que Penso a Respeito do Movimento LGBTs no seu Blog, justificando sua posição, mas não convenceu os seus simpatizantes e os possíveis eleitores LGBT. Eles pediram clareza da candidata.

Clareza – “Tá, bandeira não pode. Mas um boné vai, né? Pelo menos foi assim com o MST”, disse um dos comentários no blog da candidata. Outros são mais contundentes para que Marina Silva saia de cima do muro ou – literalmente – do armário do moralismo religioso. “Minha conduta moral e ética também dá-se em valores cristãos, nem por isso deixo de ser lésbica. Sua colocação sugere que gays são imorais, descrentes e afastados de qualquer que seja a religião, e sua oferta de bondade não serve para pressionar o congresso a respeito da PLC 122/06”, disse Ana Paula, de Porto Alegre. Ela prosseguiu:

“Entendo perfeitamente que representa também sua bancada aliada composta por alguns cidadãos que são contra a criminalização da homofobia e outras causas gay. Se acompanhares atentamente, muitas comunidades gays apoiam sua candidatura e lhe prometem votos. Eu sou uma dessas eleitoras, mas preciso da tua posição concreta sobre o assunto”, argumenta Ana Paula.

“Senadora Marina, me desculpe por entrar no seu blog, mas o tema me diz respeito e gostaria de colocar o seguinte: A diferença entre o indivíduo que respeita e tolera a todos de um chefe de poder é que este último tem a competência de elaborar e executar políticas públicas. Veja bem, tem PODER. Então a sua ‘opinião’ deve vir confirmada com a intenção da execução dessas políticas ou não, se delas discorda. Quem postula um cargo como o que a senhora pretende não pode ser tão evasivo”, cutuca Raphael Cardoso, sobre o tipo escorregadio da candidata evangélica.

“O que nós, do movimento LGBT do Brasil todo queremos saber não é se a senhora tem bom relacionamento com gays, se nos tolera e nos respeita. Isso é bom, mas isso queremos de todos. Da senhora, e dos demais candidatos, nós queremos saber QUAL A POSIÇÃO sobre o PLC 122, que criminaliza a homofobia e está na pauta do Senado, e sobre a união civil entre pessoas do mesmo sexo. Por que, afinal, a senhora fala, fala e nunca diz nada sobre o que realmente importa?”, questiona Raphael.

Clareza do Estado Laico – Outros, no entanto, criticaram a forma como a candidata se mostra benevolente e caridosa com os LGBT, mas de forma omissa quanto ao seu plano de governo tratar dos LGBT. “A nota de Marina Silva é patética, caótica e muito omissa diante da necessidade de se ter posições claras de candidatos sobre os temas democráticos, como esse. Só dizer que apoia o movimento organizado é fraco. Sinceramente, triste e nada esclarecedor. Só nos deixou mais ainda com a pulga atrás da orelha. Depois dessa nota, confio menos na senhora. No fundo pareceu uma tentativa de se mostrar dadivosa conosco”, lamenta Paulo Roberto.

Já Renata Peçanha pede clareza quanto ao estado laico e argumenta a noção de “respeito” colocado por Marina Silva quanto aos homossexuais. “O que tem a ver gays respeitar evangélicos e evangélicos respeitar gays com as políticas públicas antidiscriminação? Nada! Todos os homens se devem respeito mútuo. E pouco importa se são umbandistas, cristãos ou ateus. Isso não deve nunca ser colocado na mesa como mote de resposta porque o ESTADO É LAICO”, diz Renata.

Compreensão evangélica – Comentários evangélicos exaltam a candidata pela sua “profissão de fé”. “Gostaria apenas de tecer que poderias ter feito alguma referência ao fato de que os seguidores fiéis de Jesus Cristo repudiam sim o homossexualismo em todas as suas formas sem, no entanto, defender nenhuma barreira contra a pessoa do homossexual, enquanto pessoa, semelhante, irmão e irmã nossos, na raiz de Adão e Eva”, escreveu Jorge Alex Passamani.

O irmão de fé de Marina Silva ainda faz questão de dizer que não é homofóbico, e defende os evangélicos. “Não somos homofóbicos, não odiamos os homossexuais, mas não somos obrigados a publicar que concordamos com a opção de vida deles, de forma nenhuma, até porque estaríamos sendo hipócritas”, conclui Passamani. Outros são mais concisos no louvor a Marina Silva. “Parabéns! Essa é a Marina que amamos, há tanto tempo… Sempre fiel aos seus princípios. Deus lhe abençoe!”, diz João César da Mata. Para ver os comentários dos (e)leitores, clique AQUI.

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NOTA – A candidata do PV à Presidência da República Marina Silva não imaginava que nessa primeira década do século XXI as igrejas cristãs estivessem em pé de guerra com a militância LGBT. Esta, por sinal, cada vez mais, com o poder de bala para questionar uma candidatura descomprometida com o movimento social dos homossexuais brasileiros. A pauta LGBT é primordial em quaisquer planos de governo. Isso sem demagogia, pois, um candidato a um cargo eletivo deve considerar as principais demandas para um processo menos desigual e mais democrático do país. Democracia não é profissão de fé. É outra coisa!

Fonte: Mundo Mais
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