A PARADA DA DIVERSIDADE ESTARÁ MAIS DIVERSA AINDA
Os preparativos da Parada da Diversidade deste ano estão a todo vapor. Faltando pouco menos de dois meses para a já tradicional realização da maior manifestação política da história do município, os meninos da Associação Bauru pela Diversidade estão apostando em números próximos dos 60 mil participantes. A Parada, que encerra a Semana de Combate ao Preconceito e a Discriminação, entre os dias 22 e 28 de agosto, traz duas novidades para cidade: a primeira é que agora a Semana virou Lei Municipal (5972 de 27/09/2010), comenta Markinho Souza, presidente da ABD. A disputa com o Vereador Sakai, que acabou ganhando no voto pela retirada da nomenclatura LGBT (gays, lésbicas, bissexuais e transgênero) do texto da lei, resultou numa vitória inesperada para nós. Como a Lei prevê, “todos os segmentos da nossa sociedade” devem se mobilizar contra o preconceito. Os representantes das populações vulneráveis são os Conselhos Municipais. Portanto, cabe a eles a tarefa de articular o combate e reivindicar do governo medidas eficientes de combate à discriminação e à desigualdade.
Ganhamos força jurídica para a mobilização das populações de negros, mulheres, idosos, deficientes, crianças e adolescentes, além dos LGBT, como já vínhamos fazendo. Agora podemos mobilizar os Conselhos de Cultura, de Saúde, de Segurança Alimentação, de Turismo, do Meio Ambiente etc. Isto é, a lei nos permite mobilizar o conjunto dos Conselhos Municipais, das Associações de Bairro e quaisquer outras associações de controle social das políticas públicas.
A segunda novidade, comenta João Winck, é a aprovação do CADS (Conselho Municipal de Atenção à Diversidade Sexual). Durante a Semana da Diversidade deste ano os homossexuais serão contemplados com o seu Conselho Municipal, que é o terceiro do Estado a se articular. Por meio do CADS, vinculado à Secretaria do Bem Estar Social, vamos organizar as próximas atividades políticas, ampliando a participação de entidades e desonerando a ABD da responsabilidade total pela organização da Semana. Este será o último ano que assumimos a responsabilidade pela coordenação geral da manifestação. A partir do ano que vem seremos apenas mais uma entidade a engrossar o caldo, repartindo oficialmente a tarefa com as demais instituições que vem nos apoiando no combate ao preconceito, a intolerância, a discriminação e a violência no município.
Este ano o tema será o combate ao assédio moral (o chamado bulling) contra as populações vulneráveis, comenta Rick Ferreira. O assédio moral é uma das manifestações éticas mais daninhas na sociedade, pois é invisível, persistente e, tragicamente, provoca graça entre os seus praticantes contra as vítimas indefesas. O bulling geralmente começa na família, quando pais e mães discriminam seus filhos por não serem iguais ao que sonhavam. Depois se agrava na escola, onde os colegas, com a cumplicidade passiva da instituição, acabam torturando os diferentes, transformando a diferença uma desigualdade social. Depois se estende ao mundo do trabalho, onde os homens acabam ganhando mais que as mulheres, os negros são discriminados e os deficientes não encontram espaço, tampouco acessibilidade. Depois dos quarenta fica difícil arrumar trabalho e muitas chefias acreditam ser todo-poderosas, humilhando seus subordinados e tornando a vida de boa parte da população um verdadeiro inferno. Em alguns aspectos, o trabalho escravo ainda persiste, embora ele seja totalmente detestável e contra a lei maior.
A Prefeitura de Bauru, por meio da maioria das suas Secretarias, tem dado total apoio à organização da Parada. Este ano, se tudo der certo, vamos trazer a Preta Gil para o show de encerramento, comenta a Secretária do Bem estar Social Darlene Tendolo, coordenadora do trabalho pela SEBES. Não vamos parar de trabalhar enquanto as populações vulneráveis de Bauru não tiverem o bem-estar que merecem e que por isso pagam seus impostos. Contra a desigualdade, que se transforma em violência social, esperamos que toda a população de Bauru apóie a Semana da Diversidade e encontre nela um canal de expressão com o poder público. Isso é tudo o que esperamos. Parece pouco, mais já é muito.
Fonte: Associação Bauru pela Diversidade
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